domingo, 3 de agosto de 2008

Duas vidas dedicadas ao Ballet - parte 9

Em 1977, fiz o” III Festival” da nova escola, Cada apresentação sempre tem coisas agradáveis, desagradáveis e cômicas para se lembrar. As desagradáveis eu procuro esquecer, mas as agradáveis e cômicas até é bom de recordar,
Neste ano aconteceu uma muito cômica. As aluninhas de Baby são meninas de 5 e 6 anos, e nesta idade elas são imprevisíveis, por mais que se ensine, que se mostre, que no palco a coisa é séria, elas são muito espontâneas, fazem coisas inesperadas.
Um dos números era uma Dança Portuguesa, exatamente com o baby, era uma gracinha, as mães capricharam nas fantasias, as meninas estavam lindas, naquele ano fizemos três apresentações. Cada apresentação, quando chegava a hora da Dança Portuguesa o público já ria antecipadamente pois sabia que alguma coisa ia acontecer de engraçado.Brigavam, alguma corria para a coxia e outra ia buscar, uma que sabia a coreografia melhor, arrumava no lugar certo outra que estava errada, etc...
Para falar a verdade, números de dança com babys, sempre são engraçados, por mais sérios que se possa querer. Mas naquele ano parece que foi mais engraçado, pelo menos me marcou muito.
Desde aí eu deixei de me preocupar muito em querer que elas façam exatamente o que queremos, pois é uma tarefa impossível! Fazemos o máximo, mas o resto é com elas! E sempre deu certo! Os números de criancinhas são sempre os mais divertidos, o público adora!
A próxima apresentação aconteceu em 1979. A primeira parte foi baseado na história de “Alice no País das Maravilhas”que é um tema bem interessante, se chamava: “No mundo do faz de conta”,
Aí começamos a ter o Falcão como iluminador, que ficou por uns bons anos!
Lembro-me de que neste ano, uma das costureiras, quis economizar o tule dos tutus, ( para sobrar para ela ) e quando nos entregou, já no dia do ensaio geral, os tutus estavam mínimos, ridículos!
Algumas mães e eu, fomos ao atelier, pegamos o tecido que tinha sobrado (que era quase tudo) e nos dividimos, umas foram para a casa de uma das mães, e eu com algumas alunas maiores e que eram as donas dos tutus, ficamos na minha casa, costurando. Corta daqui, prega dali, chovia muito, um temporal que nunca esquecerei. E já era dia do espetáculo! Que sufoco! Mas como sempre, deu tudo certo! Parece que Deus fica penalizado com tanto esforço da gente, que sempre dá uma ajudazinha.
Em 1980, mamãe parou de dar aulas, pois papai ficou gravemente doente, já estava doente há dois anos, mas piorou muito e ela teve de ficar em casa cuidando dele.
Fiquei sozinha com a responsabilidade de administrar a escola. Dando aulas, fazendo as coreografias e responsável pelos figurinos, foi horrível.
Que falta me fazia a mamãe!
Não tinha experiência ainda dos trâmites para poder fazer uma apresentação (até aí quem fazia essas coisa era ela, que tinha experiência)
Só sei que na apresentação de 1981, não fizemos programa, foi lido ao microfone, e como o fotógrafo sempre tinha sido meu tio Sacha (que era fotógrafo no Rio), e ele não pôde vir à Florianópolis, contratei um senhor que apareceu no teatro se oferecendo para bater as fotos.
Ficamos esperando dias que ele nos trouxesse os contatos para vermos, depois fiquei sabendo que ele tinha morrido, e por azar, velado as fotos. Só tenho pouquíssimas fotos batidas pela mãe de uma aluna.