domingo, 3 de agosto de 2008

Duas vidas dedicadas ao Ballet - parte 6


Albertina Saikowska em 1933


Mamãe começou a fazer os festivais de dois em dois anos, por isso, o terceiro festival foi em 1955.
Papai fez um bonito programa com um desenho feito por ele na capa. Neste ano o governador Irineu Bornhausem já tinha inaugurado o teatro novo, reformado, bonito!
Como sempre, o festival foi um sucesso, só que sem a orquestra, já com música mecânica, como tem sido até hoje. A primeira parte era uma historia: É Natal, uma menina pobre vê uma vitrine cheia de brinquedos, triste ela dorme, a fada aparece e a leva para o reino dos brinquedos .Mamãe mandou confeccionar um cenário que ficou muito bonito. Era um tema ótimo para crianças, foi uma apresentação muito linda.
A menina pobre era Vera Lucia da Luz Nóbrega que já a época estava se sobressaindo pelo seu talento. Haviam algumas meninas talentosas, muitas hoje, senhoras da sociedade florianopolitana.
Tenho a impressão que se perguntassem em todas as famílias da sociedade daquele tempo quem das senhoras estudou com minha mãe, a maioria diria que sim.
O quarto festival, foi em 15 de novembro de 1957. Neste ano, mamãe introduziu o primeiro elemento masculino na escola, um rapaz da cidade, de origem modesta, com muita vontade de ser bailarino, Luiz Carlos Santana.
Fez tanto sucesso dançando um Pás de Deux com a melhor aluna, Vera Lucia da Luz Nóbrega,
(hoje Vera Bublitz, dona de uma grande escola de ballet em Porto Alegre), que o público pensou que mamãe tinha contratado um bailarino do Rio.
Uns dias antes ele ficou muito gripado, não tinha como comprar remédio nem comida.
Minha mãe subiu o morro onde ele morava, (hoje em dia seria uma temeridade) e levou remédios e comida.
Ele melhorou, se apresentou, e foi aquele sucesso! Neste ano me casei, e fui morar em Porto Alegre.
No começo de 1958, papai sofreu um grave acidente e ficou hospitalizado por um bom tempo, mamãe também adoeceu, teve úlcera gástrica, talvez pelo stresse, o acidente de papai, a falta de meu irmão, que já tinha ido fazer a faculdade de engenharia em Porto Alegre, e logo em seguida o meu casamento. Tudo contribuiu.
Mas ela continuou com a escola até 1960. Depois não teve mais condições, e parou por dez anos.