domingo, 3 de agosto de 2008

Duas vidas dedicadas ao Ballet - parte 18

A partir de 1994, começamos a nos apresentar em festivais e a ganhar prêmios, muitos prêmios.
Em 1999, pensamos em montar o ballet “Don Quixote”.”então, minha coordenadora artística, Bárbara, fez um “concurso“ para ver quem se habilitava para os principais papéis femininos.
Mostramos o vídeo com o “American Ballet”, elas estudavam, e no dia, se apresentaram para a seleção. Foi muito emocionante, porquê, se apresentaram para a Espanhola, para as amigas, mas uma única se apresentou para “Quitéria”( é o papel principal e bem difícil). Dançou tão bem, que todas as alunas e professoras ficamos extasiadas, palmas,palmas, palmas....Ela foi uma verdadeira Quitéria, com expressões e gestos.
Este foi para mim um dos mais bonitos espetáculos que já fizemos. Este ballet é muito bonito, alegre, divertido, e precisa de muito teatro.Conseguimos bons atores, para fazer o papel de Dom Quixote, Sancho Pança, o pai de Quitéria e o Pretendente, todos teriam de ser cômicos mas sem exagero, e foram! Foram maravilhosos!
As meninas mais adiantadas, dançaram muito bem, com muita técnica. No começo do ano seguinte, nove de nossas alunas se inscreveram para a audição que a Escola do Teatro
Bolshoi em Joinville fez para a seleção de alunos. Todas as nove passaram, entre centenas do Brasil e até do exterior. O primeiro lugar foi de nossa aluna Tarcila Leite que dançou o papel principal de Quitéria. Mereceu! . E o importante é que era uma aluna que estava conosco desde o baby, não teve interferências de fora, era “cria nossa”
Foi muito bom,, mas ao mesmo tempo muito triste para nós, perdemos de uma vez as melhores alunas. Ficamos desfalcadas. Neste ano também, houve uma mudança na academia. Por absoluta necessidade, tivemos de alugar o prédio da avenida Rio Branco e ficamos só na parte de trás, que foi o nosso recomeço. Reformamos, aumentamos, e ficou muito bom! Já não tínhamos aquela quantidade de alunas, a política econômica deste nosso Brasil não estava boa, o poder aquisitivo das pessoas está diminuindo cada vez mais, então a parte da Feliciano Nunes Pires é o suficiente.
No ano seguinte, 2000, já não tínhamos o professor argentino, tinha ido para São Paulo, perdemos as alunas, e eu perdi minha mãe. Foi terrível. Logo quando a escola completava 50 anos! Mas o show deve continuar....... e continuou.
Montamos o ballet “Coppélia”. Uma das professoras, a Bárbara, que sempre me ajudou na direção artística, dançou como Swanilda ( o papel principal ) , outra professora, Kátia Couto, dançou como Coppélia ( a boneca), nosso professor de Jazz e aluno de ballet clássico Flávio Vargas, fez o papel principal masculino. Assim fizemos o espetáculo sem as alunas que tinham ido para o Bolshoi.
O cenário, como sempre ficou muito bonito. Os atores foram os mesmos do Dom Quixote, e foram ótimos! Foi um ballet bem alegre.
Depois dos espetáculos, eu e as professoras, sempre recebemos flores, é emocionante, mas neste ano me emocionei mais da conta quando vi entrando no palco duas netas me trazendo flores. Uma já dançava a alguns anos, a Thassiane, mas a outra, Victória, era um pinguinho de gente, tinha dois aninhos, e entrou vestida de aluna, com colant rosa, sapatilha,( fizeram uma especial para ela pois nem tinha deste tamanho) cabelinho em coque com redinha, o bouquê quase era maior que ela, ( dá de imaginar a cena) .....o público se divertiu.
Foi demais! Chorei muito! De alegria! No ano seguinte, ela começou no baby. Não costumamos ter alunas tão pequenas, mas como ela estava se mostrando tão interessada, só queria escutar músicas de ballet e “dançava”, achei que não podia perder a oportunidade. Ela até agora está estudando, vamos ver se o entusiasmo continua....